Unit 3 - TrajetóriasGramática

Trajetórias Gramática

A seguir, você encontrará atividades de gramática e uma explicação sobre o pretérito imperfeito do indicativo. Os arquivos estão em PDF. Você precisará ver os vídeos abaixo para fazer as atividades.

O caminho de cada um

Para alcançar seu objetivo profissional – e pessoal –, muitos enfrentam as dificuldades de modo muito original, seja no esporte, na dança ou no trabalho pesado, na cidade ou na floresta amazônica. Confira alguns casos.

  • Pela honra do Uruguai (Pavel)

    Termos úteis

    Arquibancada: assentos não numerados de onde as pessoas assistem a competições esportivas e torcem por seus atletas favoritos.

    Bermuda: espécie de calça que vai até o joelho.

    Bloco de partida: local onde se situa o início da partida, ou seja, onde os atletas iniciam a competição.

    Campeonato: espécie de competição esportiva na qual o primeiro colocado recebe o título de campeão.

    Dirigente: pessoa responsável pela equipe, diretor.

    Escalar: no contexto, significa ser selecionado para disputar a competição.        

    Golfinho: mamífero que vive na água, semelhante a um peixe, que possui o focinho alongado; no contexto do depoimento, um tipo de nado semelhante ao do golfinho.

    Medalha: prêmio que se dá aos vencedores das competições, consistindo numa chapa metálica pendurada a uma corrente que se coloca ao redor do pescoço.

    Ó: interjeição para chamar a atenção do ouvinte; pode ser também contração do termo “olha”, usada com o mesmo propósito.

    Raia: no esporte, cada uma das pistas usadas pelo nadador.

    Saída: momento que marca o início da competição.

    Saída em falso: no esporte, largada cancelada de uma prova.

    Tremendamente: de maneira incrível, extraordinária.

    show/hide text

    Pavel: Uruguai… é. Teve um fato interessante, quer dizer, faz muito tempo, tem mais até… é… eu tô… agora, analisando rapidamente, tem 51 anos, por que foi em 1958, e aconteceu no Uruguai, eu era da equipe brasileira e era o melhor na prova de 50 metros, nado golfinho. Eu até fui introdutor do golfinho nas Américas, que era o nado que se nadava com a pernada de peito e depois disso passou a se fazer o movimento… é… simultâneo no plano vertical, que assimilara ao golfinho, então é o nado golfinho. E eu era muito veloz, então fui escalado para o último dia, que é o grande festival de encerramento do Campeonato Sul-Americano, para nadar essa prova. Entretanto, no dia anterior eu saí com amigos porque já não tinha competição mais… é… contando ponto, e aí fomos ao cassino, fomos dormir tarde e fizemos algumas extravagâncias. No outro dia, que era o dia do festival do término da competição, eu aí com dor de cabeça, pedi pra não nadar. Aí falei: “Ó, tô sem condições de nadar." Entretanto tinha um treinador que fazia muito bem o shiatsu, e aí fez, e a dor de cabeça passou. Mas como eu já tinha dito, já tinha sido substituído, eu não podia mais nadar. Entretanto, eu fiquei perto do bloco de partida, tava com outros amigos, lá também da equipe brasileira, e tava até de bermuda. E aconteceu que na primeira saída desta prova, teve uma saída em falso, isso é, os nadadores puderam regressar para uma nova saída. Aí eu brinquei com os companheiros que se desse uma nova saída em falso, a raia que estava à minha frente, que eu não sabia nem daonde era, que eu iria nadar naquela raia. E aconteceu a segunda saída em falso. Aí eu entrei naquela raia, de bermuda, e aí foi dada a partida. E nessa situação eu nadei e venci a prova. E essa raia era a raia do Uruguai. E aí a arquibancada, toda a assistência, veio abaixo e gritando: “Uruguai! Uruguai! Uruguai”! E foi a única vitória que o Uruguai teve. Só que tem que o dirigente brasileiro… é… falou: “Olha aí, anuncia aí que o nadador da raia quatro não é Uruguai, nem tampouco estava inscrito”, e aquilo o pessoal “Ahhhhhh!" E nesse momento eu fui entrevistado, e aí eu disse: “Não, como o Uruguai não teve oportunidade de ganhar nenhuma medalha durante toda a competição, eu me esforcei tremendamente para fazer essa homenagem ao Uruguai." A partir daí eu era o herói, né, a partir daí eu tive… é… todas as benesses do… do… do povo uruguaio.

    show/hide text

    Pavel: Uruguay… yeah. There was an interesting story, I mean, it’s been a long time, it’s been longer than… I’m quickly thinking now, it’s been 51 years because it was in 1958, and it happened in Uruguay, I was part of the Brazilian team and the best at the fifty meter dolphin crawl. I was even the one who introduced the dolphin crawl to the Americas, in which you swam using breast kicks and then the simultaneous movement in the vertical plan was added, similar to a dolphin, therefore the dolphin crawl. I was really fast, so I was scheduled to swim on the last day, when they have the big closing festivities for the South American Championship. However, I went out with friends the night before since we didn’t have any more competitions valid for points, so we went to the casino, went to bed late, we were a bit wild. The next day, which was the day of the competition closing festivities, I had a headache and asked not to swim. I said: “Look, I’m in no condition to swim.” However, there was a coach who was really good at shiatsu massage, he did it, and the headache was gone. But even though I had already been substituted and I could not swim, I stayed close to the starting block with some friends from the Brazilian team who were also there, I was even wearing shorts. On the first heat of the competition there was a false start, which meant that the swimmers came back for a new start. I joked with my friends that if there were another start, the lane in front of me, that I didn’t even know where it was from, I would swim in it. There was a second false start. So I jumped in that lane, wearing shorts, and the race started. And I swam in these circumstances and won the heat. And it was Uruguay’s lane. So the bleechers went wild screaming: “Uruguay! Uruguay! Uruguay”! And this was Uruguay’s only victory. But the Brazilian official said: “Hey, look, make an announcement that the swimmer on lane four is not from Uruguay, he wasn’t even registered”, and the crowd was like “Ahhhhh”! At that moment I was interviewed and said: “Since Uruguay didn’t have a chance to win any medals in this competition, I made a huge effort to pay a tribute to Uruguay”. From then on I was the hero, I had all the blessings from the people of Uruguay.

  • Empreendedor viajado (Cláudio)

    Termos úteis

    Arranjar: conseguir.

    Assessoria: função profissional que consiste em auxiliar no desempenho de certas atividades estratégicas em uma empresa ou repartição.

    Caboclo ribeirinho: morador de áreas próximas a rios.

    Conserva: produto alimentício mantido em condições de consumo por vários processos.

    Desconhecer: não conhecer.

    Estuário: ponto em que o rio se alarga e se torna menos fundo.

    Fábrica: estabelecimento industrial onde mercadorias são produzidas.

    Filial: estabelecimento cujo funcionamento depende de um outro, que é sua sede ou matriz.

    Formado: aquele que recebe o grau de bacharel, que terminou a faculdade.

    Frango: ave que serve de alimento para o consumo humano.

    Largar: deixar.

    Material de construção: produtos que servem de matéria-prima para a construção de edifícios, pontes ou outras grandes estruturas.

    Negócio: empreendimento comercial.

    Palmito: parte comestível da palmeira, localizada no miolo do tronco.

    Produtos alimentícios: produtos próprios para a alimentação humana.

    Viúva: aquela cujo marido é falecido.

    show/hide text

    Cláudio: É... eu fui passear pelo mundo porque minha mãe ficou viúva muito nova, eu tinha uma ano, e depois ela casou-se com um médico francês e eu com nove anos fui morar na França onde estudei... é... e depois de formado comecei a trabalhar numa empresa francesa, de materiais de construção, na área de... de metalurgia, siderurgia, vidro, e voltei pro Brasil em mil novecentos e setenta, com vinte... é... cinco anos de idade, aí como diretor financeiro da filial de ferro fundido deles aqui. Fiquei mais muitos anos trabalhando com eles, voltei pra França, e um belo dia descobri um... ouvi de um amigo a oportunidade de comprar uma pequena empresa de produtos alimentícios, mas que tinha fábricas de uma coisa que eu desconhecia naquela altura, que era palmito... é... e f... negociando com os... esse senhor que tava exportando frango congelado pra África, ele, depois da negociação feita, virou e disse: "Olha, gostei de vocês", eu e meu... meu companheiro de escola na França, é... "e vou dar pra vocês a representação de um negócio que tá crescendo muito, que é o palmito con... palmito em conserva". Aí fomos estudando, esse meu amigo me perguntou por que que... se o negócio era tão bom, por que que eu não comprava essa empresa, disse que não tinha dinheiro, e falou que dinheiro se arranjava, se encontrava… Resumindo a história: larguei a empresa onde eu já trabalhava há catorze anos... é... fiquei mais um ano dando assessoria a eles aqui, e comprei essa pequena empresa que tinha... fabricava conservas, diversas, e que tinha duas fábricas de palmito na Amazônia, que eu não conhecia. E aí foi o início de uma aventura nova... é... descobrir o que que era a Amazônia, o que que é o caboclo ribeirinho, este lado da Amazônia que na realidade é o estuário do rio, mas que representam quarenta mil quilômetros quadrados, uma superfície muito grande, pra ter uma ideia, entre Belém e Macapá, pra atravessar o estuário do rio são cinquenta minutos de jato, né, como Rio - São Paulo, né, é uma distância muito grande.

    show/hide text

    Cláudio: Yeah, I traveled around the world because my mom was widowed at a very young age, I was one year old, and later she married a French doctor, and I went to live in France when I was nine, where I studied, and after I graduated I worked for a French construction company, in the area of metallurgy, steel and glass, and I came back to Brazil in 1970, at the age of twenty-five, now as financial director of their cast iron subsidiary here. I worked for a long time with them, went back to France, and one day I found out… I heard from a friend about the opportunity to buy a small food company that owed plants of something I knew nothing about at that time, which was hearts of palm… and negotiating with this gentleman who was exporting frozen chicken to Africa, he later told me: “Look I liked you”… my school friend from France and I… “and I will give you the representation of a business that is rapidly growing, the canned hearts of palm. So we started to think about it, my friend asked why I wouldn’t buy it if the business was good, I said I didn’t have money, he said that we could get the money. To make a long story short, I left the company where I had been working for fourteen years, worked as a consultant for them for another year, and bought this small company that made different canned foods and had two factories in Amazônia that I didn’t know about. And this was the beginning of a new adventure… to find out what Amazônia was, who were the traditional river dwellers, this side of Amazônia that is actually the river estuary but that represents forty thousand square meters, a very large area, to give you an idea, between Belém and Macapá, to cross the river estuary it takes 50 minutes by jet plane, like Rio – São Paulo, right, it’s a huge distance.

  • Bailarina por acaso (Renata)

    Termos úteis                                                               

    Dançar na ponta: passo de dança no qual as bailarinas se equilibram apenas com as pontas dos pés apoiadas no chão.

    show/hide text

    Renata: Na verdade não foi nada planejado. Quando eu era bem pequena, na escola tinha um balezinho, mas eu não me interessava muito, aí, quando eu era… tinha uns nove anos, eu fazia uma dança que parecia jazz, assim, e não gostava de balé, mas gostava só daquilo, era muita diversão. Aí, com treze anos, mas eu sempre tive a coisa de ir na escola, como eu tinha feito dois aninhos lá de ginástica jazz, eu na escola fazia as coreografias com as minhas amigas, pras festas, porque a escola era muito cheia de festas, trabalhava muito a cultura, então eu sempre pegava essa parte da dança, mesmo sem ter muita… muita experiência em nada, sem fazer aula de balé nem nada. E daí, com doze anos, eu resolvi entrar no jazz, e eu não gostava de balé, achava balé terrível, chato, monótono. E aí comecei a fazer jazz, e daí eu acho que eu fui pra uma academia grande, pra um estúdio grande de dança. E daí, na primeira noite de… de espetáculo de final de ano, que junta todos os alunos, tal, eu dançava no primeiro ato e depois ia lá pra frente assistir, pro… pra plateia assistir os meus colegas. E daí vi aquelas meninas mais velhas, dançando na ponta, lindamente, aí eu fiquei encantada, aí… eu acho que no primeiro dia eu tenho muito essa sensação: que quando eu vi aquilo, eu vi que era o que eu queria fazer da minha vida. E daí depois di… e eu já era velha, isso eu tinha treze anos, eu já era velha pras meninas que faziam balé. Aí com catorze anos eu entrei no balé, fazia aula com as pequenininhas, aí fazia tudo que era aula, passava o dia na academia, eu até faltava à escola, e logo já fui colocada… como eu tinha muito interesse, logo eu já fui colocada pra substituir aula, assim uma loucura, tipo um ano de aula de balé eu já tava dando aula de baby class, assim. Mas aí foi isso, eu descobri assim, vendo um espetáculo.

    show/hide text

    Renata: Actually it wasn’t planned. When I was really young there was a sort of ballet class at school, but I wasn’t too interested, then when I was around nine I took some classes that were similar to jazz, and I didn’t like classical ballet, but I liked the jazz class, it was a lot of fun. Then at thirteen, but I always had this thing about going to school, and since I had taken jazz gymnastics two years there, I would do some choreographies with my friends, for the parties, because the school would have a lot of parties. It focused a lot on culture, so I would always be in charge of the dance, even with limited experience, without having taken classical ballet or anything. Then at twelve I decided to start jazz, and I did not like classical ballet, I thought it was terrible, boring, monotonous. So I started taking jazz and I think I went to a big academy, to a big dance studio. Then at the first night of… end of the year recital, where all students perform, I would perform in the first act and go to the audience to watch my friends perform. I would watch those older girls dancing en pointe, beautifully, and that amazed me… I think I have this feeling about the first time: when I saw that, I realized it was what I wanted to do in life. And then, I was older, I was thirteen, past the age that girls would start ballet. So, at fourteen I started taking ballet classes, I had lessons with the little kids, I started taking all kinds of classes, I would spend all day at the studio, I would even miss school, and I was chosen… since I had shown so much interest, I started subbing, it was crazy, like after only a year taking classical ballet I was teaching little kids like that. So that was it, I found out watching a recital.